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Alex Wölbert*           Todo gonçalense, independente da idade, se orgulha em dizer que a sua cidade já foi apelidada de Manchester...

Yes, nós temos sardinhas!


Alex Wölbert*

          Todo gonçalense, independente da idade, se orgulha em dizer que a sua cidade já foi apelidada de Manchester Fluminense, comparando a cidade inglesa que para os futebolistas de plantão logo imaginam o Manchester United e Manchester City – Atire a primeira pedra quem nunca jogou com um deles no FIFA ou Pro Evolution dois mil e qualquer coisa. Mesmo com a ascensão do São Gonçalo Esporte Clube garantindo a vaga na segundona do carioca e o azul da camisa do clube gonçalense lembrar o Manchester City, não é do futebol que vem essa comparação. Manchester foi uma cidade importantíssima na revolução industrial, foi lá que o mundo viu as primeiras máquinas industriais a vapor no ramo têxtil e a primeira linha férrea de passageiros. O tempo passou e Manchester continua sendo um grande centro industrial e econômico.

A nossa Manchester, a fluminense, assim batizada entre a década de 20 a 50 onde grandes indústrias se instalaram fazendo de São Gonçalo a responsável pela metade da arrecadação de impostos para economia do estado do Rio de Janeiro, não conseguiu segurar a peteca até os dias de hoje. E dentre todas as empresas instaladas nos primórdios uma continua a pleno vapor ganhando espaço no território nacional até mesmo internacional.

O couro comia na política nacional com o Estado Novo de Getúlio Vargas, através do Decreto 37 todos os partidos políticos eram extintos em 2 de dezembro de 1937. Neste mesmo dia, nem aí para o momento, o gaúcho José Emílio Tarragó achava um jeito de ganhar a vida com o sabor meio doce e meio azedo do tamarindo. Fundava em São Gonçalo a Tarragó, Martinez e Cia Ltda que fazia sucos e licores da fruta. Mas em pouco tempo de empresa Tarragó viu que trabalhar com tamarindo a lucratividade não era tão doce assim e mudou radicalmente sua atividade para conservas de peixes, e assim nascia a Indústria de conservas Coqueiro. A razão social não foi por desgosto com o pobre fruto tamarindo, e sim um jeito de homenagear a Praia do Coqueiro no bairro de Porto Velho onde na época era a sede da empresa.

Não demorou muito para a Coqueiro conquistar a confiança e o paladar dos brasileiros e com a qualidade dos produtos foi um pulo para ganhar o mercado exterior e começou a exportar para diversos países. Como sempre acontece, os tubarões do mercado ficam de olho no crescimento de uma empresa e quando veem nela um potencial concorrente tratam logo de compra-la. Aconteceu com a tradicional marca de refrigerante maranhense Jesus quando comprada pela Coca-Cola e não foi diferente com a marca Coqueiro que foi adquirido pela Quaker do Brasil em 1973. Passou a produzir atum, sardinha sem pele e sem espinha e ampliou ainda mais a sua liderança no mercado. Com o crescimento uma fábrica só em São Gonçalo não deu conta, foi preciso criar então em 1982 a fábrica de Itajaí em Santa Catarina.

Com o passar dos anos as empresas para manter mercado tiveram que não só se preocupar com a qualidade de seus produtos, mas também o que fazem pelo meio ambiente e pelo social. Nesse caminho a Coqueiro em 2010 ganhou o Selo Dolphin Free, um atestado que a empresa não se utiliza de redes que podem capturar, ferir ou matar golfinhos durante a pesca.

Depois de tantas negociações no final de 2011 a marca Coqueiro foi adquirida pela Camil, uma cooperativa agrícola mista onde o forte é feijão e arroz. Aquela mesma que tem como garoto propaganda o chef de cozinha e apresentador Edu Guedes.

       Prestes a completar 76 anos a Coqueiro tem uma fatia do mercado de 45% e líder absoluto desse segmento no Brasil com mais de 200 mil pontos de venda em todo território nacional. Só as sardinhas representam 77% do faturamento e ficando 23% de atum. A fábrica localizada em São Gonçalo é hoje a maior unidade de enlatamento de peixes do mundo.

É prazeroso para nós gonçalenses acompanhar o sucesso de uma empresa da nossa terra. Gerando empregos para o nosso povo e contribuindo com a arrecadação do nosso município. E que muitas mais apareçam fazendo valer o bom e velho apelido de Manchester Fluminense.

Sobre o Autor:

Alex Wölbert Alex Wölbert é colaborador do Blog Tafulhar. Faz parte do Projeto Recicla Leitores. Facebook: Alex Wölbert

2 comentários:

  1. Parabéns pelo excelente artigo, Alex! Muito enriquecedor, eu diria que trata-se do resgate de parte da história que a maioria dos gonçalenses não conheciam.

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  2. Soy de Argentina, yo comía esas sardinas en los años 70s y 70s cuando iba a Uruguay, al Chuy, eran mejores que las mejores de Argentina (nereida) realmente exquisitas.

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