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Lavoura 100 anos. Imagem: Nill Martins                                                                                    Jorge Cesa...

O centenário de Lavoura

Lavoura 100 anos. Imagem: Nill Martins
                                                                                  Jorge Cesar Pereira Nunes *

               Filho de José Marques de Almeida e de Maria Cândida de Almeida, Joaquim de Almeida Lavoura nasceu no Rio de Janeiro, então distrito federal, em quatro de abril de 1913. Aos sete anos de idade, mudou-se para São Gonçalo e fez o curso primário na Escola Estadual Porto Velho. Iniciou suas atividades profissionais como pescador, no bairro do Gradim, onde residia, e depois se tornou comerciante, ao adquirir um armazém no bairro do Porto Velho.


               Registrado, ao nascer, como Joaquim Marques de Almeida, ao completar 21 anos mudou o sobrenome, incluindo o Lavoura, de seus ascendentes mais remotos.

               Joaquim Lavoura ingressou no serviço público municipal em 11 de junho de 1937, nomeado pelo prefeito Manoel Gonçalves Amarante para o cargo de fiscal do Matadouro Municipal, e exonerou-se em 22 de novembro, com a posse do prefeito Francisco Lima, retornando exclusivamente às atividades comerciais.

               Com a redemocratização do Brasil, em 1945, filiou-se ao Partido Social Democrático (PSD) e elegeu-se vereador em 1947, havendo tomado posse em 13 de outubro daquele ano e exercido o mandato até 31 de janeiro de 1951.

               Em 1954, Lavoura transferiu-se para o Partido Trabalhista Nacional (PTN) e foi eleito prefeito, em três de outubro, tendo exercido o mandato de primeiro de fevereiro de 1955 a 31 de janeiro de 1959. Na eleição de três de outubro de 1958, foi eleito vereador e exerceu o mandato de primeiro de fevereiro de 1959 a 31 de janeiro de 1963, havendo presidido o Legislativo em 1962.

               Em três de outubro de 1962, foi eleito para seu segundo mandato de prefeito, por ele exercido de primeiro de fevereiro de 1963 a 31 de janeiro de 1967, ano em que foi nomeado diretor-presidente do Serviço Estadual de Viação (Serve), permanecendo no cargo até 1968, quando se exonerou e retornou às atividades particulares.

               Em 15 de novembro de 1970, Lavoura foi eleito Deputado Estadual, mandato que exerceu de primeiro de fevereiro de 1971 até 31 de janeiro de 1973. Em 15 de novembro de 1972, foi eleito para seu terceiro mandato de prefeito, exercido de primeiro de fevereiro de 1973 a 12 de agosto de 1975, quando se afastou do cargo por motivo de doença.

              Joaquim de Almeida Lavoura faleceu em 12 de novembro de 1975 e foi sepultado no Cemitério de São Gonçalo. É patrono de Escola Municipal no bairro Barro Vermelho, de rua no bairro Vista Alegre, e do viaduto da rodovia estadual RJ-104, no bairro Tribobó, em São Gonçalo. Além disso, por iniciativa popular, foi construído um mausoléu naquele cemitério e sua estátua instalada na Praça Estephania de Carvalho, no bairro Zé Garoto.

             Pode-se afirmar que São Gonçalo divide sua História em duas fases: antes e depois de Lavoura. Por quê? Antes dele, a quase totalidade das ruas gonçalenses não era pavimentada, seu serviço de pronto socorro era de 1939 e já não atendia às necessidades da população, sua rede de ensino era precária e não havia na cidade nenhum local público destinado às manifestações culturais.

             Contando apenas com recursos financeiros municipais (escassos, porque na época ainda não existia o atual ICMS, nem o ISS e muito menos o ITBI e os royalties do petróleo), ele colocou em prática seu lema de Honestidade e Trabalho. Com isso, nos dois mandatos e meio de prefeito por ele exercidos, deu a grande virada na vida do município, com a pavimentação das Vias Porto Velho, Sete Pontes e Alcântara, alargando-as para que pudessem atender ao crescimento futuro do tráfego; construiu os novos Pronto Socorro Central e Pronto Socorro Infantil (em tamanho capaz de absorver a demanda crescente); construiu a Escola Municipal (hoje, colégio) Estephania de Carvalho, em Laranjal, e deu início à construção da Escola Municipal (hoje, também colégio) Ernani Faria (concluído pelo prefeito Zeyr Porto), em Neves, além de haver construído prédios de escolas estaduais de grande porte; no setor de cultura, aproveitou área ao lado da sede da prefeitura para a construção do Auditório e da Biblioteca Municipais, transformados por administrações posteriores em espaço da Secretaria Municipal de Fazenda e da Câmara de Vereadores.

              Tratado respeitosa e carinhosamente pela população gonçalense, a prova de prestígio de Lavoura foi dada em seu sepultamento: apesar de afastado do cargo já há três meses, sua morte comoveu a população, levando às ruas multidão calculada entre dez mil e trinta mil pessoas, de acordo com os jornais da época. Acompanhando o féretro lá estavam figuras de relevo na política estadual, como o governador da época, almirante Faria Lima, e, em sua imensa maioria, pessoas muito simples, entre elas José Datrino, o “maluco-beleza” conhecido por Gentileza.




Sobre o Autor:

Jorge Nunes Pereira Nunes
Jorge Cesar Pereira Nunes. Desde sua juventude é ativista político em São Gonçalo e trabalhou diretamente com três prefeitos – Osmar Leitão Rosa, José Alves Barboza e Hairson Monteiro dos Santos. Graduado em Direito pela UFF. Jornalista e pesquisador em História de São Gonçalo. Autor dos livros: “A criação de municípios no Estado do Rio de Janeiro” (1992), “Chefes de Executivo e Vice-Prefeitos de São Gonçalo” (2009), "Dirigentes Gonçalense - Perfis" (2012) ,“Os nossos símbolos cívicos e a saúde Pública 1820-1940 in: São Gonçalo em Perspectiva” (2013). Endereço eletrônico: jorgecpn6@hotmail.com. Boa Leitura.

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