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Pato - Coelho - Ilusão |
Wilson Santos de
Vasconcelos*
Exige-se a cada dia que os institutos de pesquisa
produzam cada vez mais informações, como meio de controle da realidade social.
Todavia, vem o questionamento sobre a confiabilidade dos dados.
Assim, as estatísticas vêm sendo usadas como expressões
da realidade, como imagens ordenadas dentro de um mundo cada dia mais
fragmentado, e não são!
As estatísticas oficiais fazem parte de um laborioso
processo de construção social da realidade. O entendimento das estatísticas
como construções, guardando limitações e exercendo um poder muito específico
sobre a interpretação que se tem da realidade. Porém, como “construções” da
realidade, as estatísticas estão sempre sujeitas a críticas e a controvérsias.
A produção da estatística parte de um olhar sobre a
realidade, um olhar que se vale de métodos, visa substituir a dispersão e
heterogeneidade do mundo por resumos e classes de equivalência.
Nas democracias, cada vez mais as pessoas percebem que as
estatísticas intervêm nos processos de governo, moldando a maneira de “ver” as
possibilidades de ação, de inovação e mesmo de visão que se tem do mundo.
A padronização da produção de estatísticas está ligada a
discussão em torno da legitimidade e credibilidade, pois a padronização
pressupõe uma uniformidade na demanda, uniformidade de interesses.
Inseridas nas redes de saber e sendo instrumentos de poder, as estatísticas públicas aparecem,
a cada tempo, revestidas de novos conceitos e significações. Essas mudanças são
atribuídas mais a um aperfeiçoamento técnico que representam interesses:
sociais, políticos, econômicos.
Deve ser entendida não como uma semelhança fiel à
realidade, mas como uma consistência e uma robustez suficientes para suportar
transportes e combinações sem sofrer danos (DESROSIERES, 1996). Supõe longas
cadeias de registros, cálculos e forma ligações que, consideradas e conjunto,
suscitam ou não a confiança da sociedade.
Referências:
DESROSIÉRES, A. Do singular ao geral: a informação estatística e a construção do Estado. Rio de Janeiro: IBGE, 1996.
LIMA, R. S. A. Contando crimes e criminosos em São Paulo: uma sociologia das estatísticas produzidas e utilizadas entre 1871 e 2000. Tese (Doutorado em Sociologia). Universidade de São Paulo (USP), São Paulo, 2005.
SENRA, Nelson. O Saber e o poder das estatísticas: uma história das relações dos estaticistas com os estados nacionais e com as ciências. Rio de Janeiro: IBGE, Centro de Documentação e Disseminação de Informações, 2005.
Wilson Santos de Vasconcelos é editor do Blog Tafulhar. Formado em sociologia pela UFF, mestre em Estudos Populacionais e Pesquisas Sociais pela ENCE/IBGE e Doutorando em Ciência Política pela UFF. |
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