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A Coordenadoria de Juventude de uma República, Estado ou Município é um órgão que verifica as demandas e executa políticas públicas par...

Por um território com menos intelectuais chatos e mais jovens em ação



A Coordenadoria de Juventude de uma República, Estado ou Município é um órgão que verifica as demandas e executa políticas públicas para a Juventude. Segundo a legislação vigente, estamos falando de um recorte de idade entre 16 e 29 anos, ou seja, uma grande parcela da população levando em consideração a janela etária que vivemos. Além disso, a falta de políticas públicas específicas para essa parcela da sociedade ao longo da história faz com que a preparação social, econômica e de identificação local fique fragilizada durante todo processo de construção no carácter do indivíduo.
 A Coordenadoria de Juventude dentro da Gestão Pública tem uma lógica muito maior do ponto de vista consultivo, ou seja, que propõe para outras pastas o que de política de juventude pode ser aplicado naquele espaço e mapeia as demandas desse grupo social. Em São Gonçalo, podemos utilizar o exemplo da dengue, onde o Município já se prepara com políticas de prevenção na cidade. Dentro de um processo como esses, a Coordenadoria poderia propor campanhas específicas para escolas, grupos sociais jovens, universidade, associações, de forma que a Juventude fosse beneficiada não apenas no material entregue, mas na operação didática da proposta e pudesse conscientizar ainda mais, obtendo um resultado ainda melhor.
Por mais que não se perceba, os grupos jovens possuem um funcionamento diferente do resto da sociedade. A forma de se comunicar, de agir, de consumir é completamente diferente das gerações anteriores. Por isso, garantir que eles recebam políticas públicas específicas dentro de qualquer cidade, é garantir um crescimento saudável, cidadão e comprometido com a responsabilidade social, já que, ao longo de seu processo de construção, ele pode ter acesso aos bens específicos que seus antecessores não tiveram.
Coordenadoria de Juventude e as Secretarias.
Todas as secretarias são importantes para a gestão das políticas de juventude, pois como havia dito antes, a juventude não é um grupo isolado do resto da sociedade, mas que se insere em todos os debates como transporte, trabalho, cultura, educação, sendo que com diferenças de método. Nesse sentido, é importante que se ter um órgão que represente essa camada populacional e que possa fazer um trabalho em que, haja sensibilidade por parte das outras pastas para dialogar com as pautas da Juventude.
Para a coordenadoria, a questão orçamento é quase sem importância, desde que os materiais de trabalho e o diálogo com as secretarias funcione. A melhor ferramenta para se organizar uma coordenadoria é INFORMAÇÃO, ou seja, a coordenadoria precisa estar informada dos programas da cidade, para então, criar mecanismos que organizem esses programas não só do ponto de vista do governo, mas também da própria juventude.
  1. Secretaria de Educação – Talvez a principal secretaria para se pensar nos jovens. Aqui, é importante que a gestão da secretaria esteja ciente da necessidade de se abrir as portas das escolas para a coordenadoria de juventude e também de sempre consultar o órgão quando pensar em algum programa educacional na cidade, sobretudo pelo jovem ser o PRINCIPAL afetado dentro da pauta Educação.
  2. Secretaria de Assistência Social / Direitos Humanos – Essa secretaria poderá ser fundamental para dar foco ao trabalho da coordenadoria. Não adianta achar que um órgão público da cidade, poderá dar conta da totalidade dos jovens, pois os municípios do Brasil vivem uma realidade problemática em relação ao repasse de recursos para o orçamento, além do aspecto geográfico e populacional que inviabiliza atender todos os jovens. Por isso, a Secretaria de Assistência Social e Direitos Humanos, poderá ser o órgão que irá indicar quais são as famílias e jovens que precisam ter acesso para as discussões e mapeamentos que a coordenadoria iniciou.
  3. Secretaria de Trabalho – A secretaria de trabalho pode ser um órgão em que a coordenadoria pensará para o futuro, qual a vocação e quais as vontades desses jovens. Saber quais cursos universitários serão importantes para o futuro da cidade, quais polos comerciais poderão ser mais procurados ao longo do tempo, etc. Além disso, a Secretaria de Trabalho, possui programas específicos para os jovens de financiamento dos governos Estadual e Federal, e obviamente, é importante o diálogo para ver quais são as demandas dos afetados com o programa.
  4. Secretaria de Cultura – Aqui, a Coordenadoria poderá pensar mais na execução de políticas que em qualquer outra pasta. Os jovens são dispersos por conta de um modo de vida que permite que jovem circule por várias linguagens e não podemos levar isso a partir de um ponto negativo, afinal, faz parte de sua natureza. Nesse sentido, através da cultura, poderemos chamar a atenção deles para questões importantes e também para saber qual é o novo perfil cultural de um território. Entender o jovem a partir de sua produção cultural material ou imaterial, é entender que tipo de excedente cognitivo o afeta ou qual tipo de modelo de cidade ele quer.
  5. Secretaria de Desenvolvimento Econômico – Pensar em desenvolvimento sem pensar em Médio e Longo prazo é impossível. Com a globalização, novas tecnologias, temos uma juventude economicamente emergente muito forte. O programa Empreendedor Individual, por exemplo, se trabalhado com ainda mais força entre os jovens, poderá criar diversos empreendimentos ligados ao mercado jovem. Além disso, o mapeamento dos jovens poderá fazer com que a Secretaria de Desenvolvimento Econômico, possa saber o que acontecerá na cidade nos próximos anos em relação ao potencial econômico. A relação da Coordenadoria com a Secretaria de Desenvolvimento Econômico é fundamentada em pesquisa de mercado, de censo, de mapeamento. Todo final de ano, centenas de jovens saem do ensino médio para entrar no mercado de trabalho e não possuem nenhum auxilio e nenhum amparo do Estado para saber quais demandas eles possuem. Saber o que o jovem quer e trabalhar de forma integrada é importante. Nem todo jovem está satisfeito com a política voltada apenas para empregos diretos e indiretos com o Comperj aqui no Leste Fluminense, por exemplo. Por isso, as cidades precisam saber de que forma se desenvolve um território, não de dentro para fora, mas sim num processo dialético.
  6. Secretaria de Meio Ambiente – Essa secretaria é importante, mas só se for relacionada com Educação. O Trabalho da Secretaria de Meio Ambiente dentro da Juventude é inevitavelmente de conscientização, não tem o que fazer além disso. Jogo casado é fundamental. Infelizmente os materiais que chegam até os jovens em relação ao meio ambiente, são materiais feios, distantes da juventude e pouco atrativos. É importante mudar essa face e construir uma agenda pragmática de ação, de atuação e que o jovem possa desenvolver suas ideias e soluções ambientais para o território. A coordenadoria nesse sentido, é importante para jogar junto.
  7. Secretaria de Comunicação – Hoje em dia essa secretaria tem importância total no processo de construção da juventude. Infelizmente a maioria das gestões municipais entende a Secretaria de Comunicação, apenas como uma secretaria que se relacionada com a mídia.  É um grande erro! A Secretaria de Comunicação, em caráter de execução de políticas públicas é MUITO importante. Como não pensar no papel da banda larga na construção de um jovem, como não pensar na conscientização e mapeamento das redes sociais da cidade, sem pensar nos jovens, como não pensar na construção de uma mídia municipal sem pensar nos jovens. Em relação a Secretaria de Comunicação, é importante que a Coordenadoria pegue a internet como uma pauta do Jovem, não tem para onde fugir, os jovens, todo dia, mostram que a rede é deles e quem tiver acesso, terá que se basear em suas demandas. 
Coordenadoria de Juventude e os Movimentos Sociais
Infelizmente, após a reabertura da democracia no País, o Estado passou a aparelhar os Movimentos Sociais, tendo em vista, que na disputa política, os Movimentos Sociais disputaram o poder. Isso viciou as relações de cobrança e execução das políticas públicas e consequentemente prejudicou a independência de ambos os grupamentos, sejam sociais ou estatais.
Na juventude, as coisas não foram muito diferentes. Apesar de nós, jovens, estarmos iniciando uma militância seja lá em qual área for, vemos quase sempre, os partidos políticos como a maior forma de organização para nossas reinvindicações. Isso é ruim, pois a estrutura partidária está em processo de falência, e com isso, os jovens não conseguem avançar na mudança do partido e acabam sendo parte da engrenagem enferrujada do mesmo.
Além disso, os jovens raramente possuem um papel fundamental de mudança e transformação na sociedade, pois em sua maioria, a hierarquia etária social, faz com que os jovens sejam reprimidos e com pouca influência social, sem conseguir gerir suas próprias organizações e criando dependências em relação aos mais velhos e experientes. É claro que existem lapsos temporais que dizem o contrário, como a passeada dos cem mil ou os caras pintadas que foram de fundamental importância para mostrar o potencial dos jovens, mas num movimento liderado pelos próprios jovens, sendo que, naquele momento a passeata tinha fundamentação de ação, sem ser capturada pelo capital.
Voltando para a Coordenadoria, a relação que uma instituição de juventude dentro do Estado deve fazer é ORGANIZAR A JUVENTUDE, ou seja, possibilitar a auto gestão dela, sejam nos grêmios, projetos, associações ou em qualquer outro espaço. Não adianta garantir um projeto sem que o projeto tenha continuidade e funcione através dos próprios mecanismos naturais de organização social. Juventude tem que se administrar, tem que se organizar de forma que tenha independência.
Nas pautas em que a própria Coordenadoria defenda em conjunto com os Movimentos Sociais, é importante que a mesma coordenadoria discuta, auxilie, mas nunca seja a ponta de lança da defesa da pauta. Quando a Coordenadoria estiver contrária à organização de um movimento social, deve abaixar a bola, ouvir e garantir com que existe diálogo para ver se a pauta é importante ou não, seja ela algo real ou irreal.
Portanto, a relação da Coordenadoria com os Movimentos Sociais nunca pode ser de amigo, de aliado, de parceiro, mas sim de RESPEITO e deve funcionar de forma INSTITUCIONAL. Para que não haja aparelhamento ou favorecimento por parte do Movimento Social ou por parte da Coordenadoria de Juventude, que é o que acontece com a maioria dos outros espaços institucionais no país.
Sei que o mundo ideal pode não existir, até porque a Coordenadoria faz parte de um processo de disputa eleitoral, entretanto, manter o maior respeito INSTITUCIONAL é importante para que as políticas de juventude tenham continuidade e não virem moeda de troca para possíveis disputas eleitorais de qualquer aspecto.
É isso!

* Artigo que escrevi 3 anos atrás. Existem vários posicionamentos que mudei de opinião, mas é uma reflexão proporcionalmente importante para minha trajetória e que pode contribuir com o debate sobre órgãos públicos de juventude em qualquer cidade do país.
* texto publicado com o intuito de discutir a importância de um órgão de juventude em qualquer cidade do país.
* imagem Reprodução site Sonlife


Sobre o Autor:

Romario Regis Romario Regis é colaborador do Blog Tafulhar. Romario Regis é Feliz!



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